Now, this is a story all about how
my life got flipped-turned upside down.
And I´d like to take a minute, just sit right there!
I'll tell you how I became the prince
of a country called Bahrain.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Carnaval

Pois é...pelo que sei, a esta hora muitos dos meus amigos e conhecidos preparam-se para uma grande noite de Carnaval em V.N. Famalicão.

Como em todos os anos, vai ser uma grande noite de bebedeiras e brincadeiras! Muitos homens vão finalmente puder usar aquela mini saia emprestada. Outros vão-se vestir de animais, piratas ou bruxas. Alguns vão fazer o papel do super herói que tanto admiraram em pequenos.

No entanto, durante o dia de Carnaval, eu vou estar rodeado por centenas de pessoas disfarçadas de.........Árabes - com aquele vestido e aquela cena na cabeça :)

Bom Carnaval

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Os Vizinhos Saudis

Ontem conheci uns amigos de família que foram super simpáticos. Eles prometeram-me levar a conhecer a noite de Manama para a semana que vem.
Em conversa com um deles, acabamos por trocar impressões sobre Portugal, Bahrein e também da Arábia Saudita. Foi então que aproveitei para realmente saber se é verdade o que se conta de lá - se são assim tão rígidos e cheios de regras culturais e religiosas. Pelos vistos sim. Ele deu-me 3 exemplos:


1- Ele mostrou-me um vídeo que tinha no telemóvel que andaram a passar pelos telémoveis de cá, onde se vê um homenzinho jordaniano, que teve a esperteza de tentar traficar droga nesse país. Azar para ele - foi apanhado!
O vídeo não mostra o homem a ser julgado ou a caminho da prisão…nada disso. Primeiro mostra a quantidade de droga que ele trazia, que até era bastante, depois o que se vê é o homenzito de joelhos em plena praça pública com muitas pessoas à volta…outro homem ao seu lado com um espada…e num segundo, com um só golpe…pimba, cabeça fora!


2- Ele contou-me que esteve na Arábia Saudita há pouco tempo e que quando saiu do hotel chamou o elevador. Quando este chegou, dentro estava um casal “saudi” (a mulher tapada de cima a baixo). Ele só chegou a dar o primeiro passo para entrar normalmente no elevador, até que o marido o impediu com um ligeiro toque no ombro."you go on the next one"- disse ele. Isto tudo para que a mulher não olhasse para outro homem! Ele ficou super chateado, mas não podia fazer mais nada senão respeitar. “If it was here in Bahrain, I’d tell him…”, comentou!

3- Veio no jornal “Gulf Daily News” há algum tempo atrás mais um episódio curioso naquele país.
Um homem chegou a casa e deu com a mulher a ver televisão. No ecrã aparecia outro homem (uma actor ou apresentador ou algo do género). O marido disse à mulher qualquer coisa do género como – Aproveitaste a minha ausência para olhares para outros homens?(Agora tão todos a pensar…a gaja foi decapitada…ou apedrejada em público…ou queimada viva!!!) Não, felizmente não foi nada disso. Pediu o divórcio! Mas mesmo assim??..Por ter sido apanhada a ver televisão?

Solução para aquele país...óculos de sol super escuros para todos. Assim, podem sempre negar que estava a olhar em direcção a alguém!


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Encontro com o bagageiro

Hoje fui entregar o meu CV nos principais Hotéis em Manama. Na minha 3ª paragem, para entregar o CV era necessário anexar uma ficha de aplicação que me deram...e la preenchi.
A mulherzinha deu-me o papel para a mão e disse que podia ir para a sala ao lado onde havia mesas e cadeiras para ser mais fácil.

Ao entrar na sala cruzei-me com um bagageiro super magro nos seus 40, que parecia que lhe restavam dias de vida (agora fui mau, mas é verdade). Ele cumprimentou-me com um "Good morning Sir" cheio de boas maneiras.

Passado 5 mins estava eu ainda a preencher o raio do papel que era super confuso porque metade da folha estava impressa com a escrita digamos, "normal/nossa", enquanto a outra as mesmas coisas escritas, mas em árabe.

Nisto o bagageiro aproximou-se. Como só estávamos praticamente nós na sala, ele meteu conversa comigo. Bastaram-nos poucas palavras para criar um "ambiente estranho"...

Ele - So sir, are looking for a hotel job sir?

Eu - Yes I am. Let´s see if I get lucky (eu com um sorriso na cara)

Ele - Where are you from sir?

Eu - Well, I´m from Portugal

Ele - From Portugal?

Eu - Yes...

Ele - Did you know that the Portuguese people killed my great, great, great, great grandfathers here in Bahrain? (com cara de poucos amigos)

Eu (depois de 5 segundos a olhar pra cara dele sem saber muito bem o que dizer) - Well, at that time the portuguese were killing lots of people (que coisa estupida para dizer)..mas redimi ao dizer - At that time in history lots of places were conquered and not only by the portuguese. I guess it was normal for people to die during it! .............Well I´m sorry, but there´s nothing I can do about that. (com cara de - o quê que queres que faça agora meu? que me sacrifique pelas maldades de Portugal?)

E pronto...criou-se um ambiente muito estranho. Lá me despachei a preencher e entregar a papelada para seguir para o hotel nº 4 antes que eu fosse encontrado decapitado passado umas horas.

Agora penso - seria bonito se fosse aceite para um trabalho naquele hotel. Já teria o meu primeiro inimigo. Sou mesmo conflituoso!



domingo, 15 de fevereiro de 2009

I am not from India!

Como em qualquer outro lugar, um aspecto importante para conseguir emprego é ter cuidado com a nossa aparência, (a foto que escolhemos para por no cantinho do CV, a roupa que escolhemos para a entrevista, bla bla bla). A primeira impressão é super importante. Isto já toda gente sabe!

O problema agora é que eu tenho que deixar bem claro o que aparento ser! Isto tudo porque, pelos vistos, deste lado do planeta, o meu último nome pode ser um problema!!!

Passo a explicar porquê…

Aqui as pessoas associam o nome “Costa” aos indianos e normalmente são estes que fazem cá como noutros países os trabalhos considerados “mais duros” (limpezas, construção, etc) .
Posso ter o azar de alguém apenas olhar para o meu nome no CV e ver o “Costa” e pensar que é mais um indiano a tentar a sua sorte e automaticamente deitar o meu CV ao lixo. (nada contra a Índia nem os indianos)

Então se já tinha esses cuidados com a aparência, agora tenho que deixar bem claro que não sou um Abdul Costa from Índia! Um simples email em que aparece “ Sender: Daniel Costa.” pode ser fatal!

Para além de esforçar mais um British accent, decidi editar a foto que tenho no meu CV para ficar o mais branquinho possível, vou pôr em negrito - Nationality: Portuguese e como esta semana vou passar pelos principais Hotéis para deixar esse meu CV, vou encher a cara de pó de talco para que não haja confusões.

A questão não é o nome “Costa” em si! Como somos poucos os portugueses no Bahrein, qualquer nome tipicamente português está em risco e é associado de uma forma natural a um indiano vindo de Goa.

Por isso, a todos os Costas, Ferreiras e Sousas que queriam vir para estes lados. O melhor é não apanhar muito sol e vir o mais branquinho possível.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Primeiras impressões...

Desde que cá estive há 10 anos atrás, posso dizer que muita coisa mudou. Vê-se muitos europeus e americanos. Está tudo muito mais moderno. Vê-se edifícios enormes para os lados de Manama (lê-se Manáma) - Prefiro primeiro explorar essa zona um dia destes para conseguir descrevê-la de uma forma melhor.

A minha aventura começou há dias e para já posso resumi-la a uma palavra - "calor".
Nesta altura, sabendo que em Portugal ainda está um frio do caraças, sabe mesmo bem andar de t-shirt e calções e dormir apenas com um lençol.

Por outro lado, para além do calor, há mais curiosidades que passo a contar.

A gasolina é quase dada. Com apenas 5 dinars posso perfeitamente andar um mês de carro. Ah, e por falar em carro - Destaco a condução maluca que aqui se pratica. É preciso ter muuuuuito cuidado com a condução - é como se não existe o código da estrada. Há ultrapassagens frequentes pela direita, as pessoas metem-se na estrada como se tivessem sempre prioridade. É pena porque vê-se altas "bombas" na estrada como Vipers, Hummers, Ferraris, etc, etc..(mas tambem se vê muita porcaria...o meu clio cá não ficava nada mal visto)

Enquanto as bebidas alcoólicas são proibidas na vizinha Arábia Saudita, (estava tão habituado a dizer e a ouvir falar na vizinha Espanha...agora é vizinha Arábia Saudita), aqui as bebidas não são proibidas, mas difíceis de encontrar. Não se vendem em qualquer sítio. Ontem fui às compras num hipermercado que me fez lembrar o jumbo pela maneira em que estava tudo exposto e reparei que bem la no fundo faltava a secção dos vinhos e restantes bebidas alcoólicas.

Outra coisa que não se encontra facilmente cá é carne de porco. Como é sabido, os árabes não comem carne de porco, por isso para as pessoas de fora que queiram uma simples fatia de fiambre no pão terão que gastar uns bons dinares porque é muito caro.

Hoje acordei com um leve "sand storm" então acabei por ficar em casa já que não é nada agradável sair e levar com areia nos olhos.
Em Portugal tinha chuva a mais, pelos vistos aqui vou ter areia a mais...de alguma forma tenho que encontrar um equilíbrio!! :)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

The Princess & the Marine

Hoje gostaria de partilhar uma verdadeira história de amor.

Estávamos no ano de 1999 e a marinha americana encontrava-se de serviço no Bahrein - um dos pontos considerados estratégicos pelos EUA (petróleo) que mantém no país uma de suas várias bases militares.

Um fuzileiro naval chamado Jason Johnson andava a passear pelo shopping e encontra uma bahreiniana chamada Meriam e apaixonam-se. Essa paixão tornou-se de tal maneira intensa que ela decide voltar com ele para os Estados Unidos. Até aqui tudo bem, o problema era que a menina Meriam era nada mais que a princesa do Bahrein. Ela pertence à familia Al-Khalifa - a familia real.

Eles tinham tudo para dar certo - Ela princesa, ele fuzileiro. Ela Rica, ele fuzileiro. Ela muçulmana, ele um fuzileiro de religião Mórmon.
Com uns documentos falsos e um disfarce de roupas militares la escaparam. Ao chegar ela pediu auxilio aos Estados Unidos porque poderia ser condenada à morte se voltasse ao Bahrein.
No mesmo ano casam.

Foi tudo muito bonito enquanto durou (5anos)ou não. Eles divorciaram-se em 2004. Pelos vistos as coisas começaram a dar para o torto passado 1 ano - O Jason, que depois ficou a trabalhar como arrumador de carros em hotéis e casinos de Las Vegas, aclamou que ela o terá deixado um ano antes do divorcio oficial pelas loucas noites e o vicio do jogo. Já se estava a ver!
Após os ataques de 11 de Setembro a princesa voltou à sua terra natal, segundo dizem. Depois confirmo!

Isto tudo aconteceu no ano em que la tive de férias. Poderia ter acontecido comigo. Eu tinha apenas 16 anos e ela 19, mas o amor não escolhe idades,certo? Pensando melhor, ainda bem que não aconteceu. Provavelmente a gaja acabaria por me trocar pelas noites da Ribeira do Porto ou qualquer coisa do género.

Isto tudo tinha que dar em filme...e deu! Chama-se "The Princess & the Marine" e já o vi há muito tempo. Lembro-me de uma cena em que ela estava a passar a ferro, por isso o filme bem poderia mudar o nome para "The Princess that wanted to be a domestic house wife".
Até esta minha aventura para as arábias, que ta prestes a começar, pode muito bem dar em filme. Também ja tenho um título: "The waiter that wanted to be a Prince"

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

As dúvidas...

Ponto 1
"Vais pra onde meu?"
- Vou para o Bahrein

"Ouvi dizer que ias para Dubai..."
- Não, não vou para o Dubai, vou para o Bahrein, mas é la perto!

"Então? Quando é que vais para a Arábia Saudita?"
- Não vou para a Arábia Saudita, mas sim para o Bahrein que fica mesmo ao lado!

Comentário:
Tudo bem! Nem todas as pessoas sabem onde fica ou já ouviram falar do Bahrein. Provavelmente se não fosse por questões familiares eu também não o saberia.

Ponto 2
"Cuidado meu! Na arábia ainda te metes em problemas se olhares para aquelas mulheres que la andam todas tapadas!"
- Não te preocupes. No Bahrein isso não é assim como tu dizes, até porque já la tive. Vê-se algumas mulheres que escolhem por questões culturais vestirem-se assim. Qualquer pessoa pode olhar, não há problema.

"Fogo não sei como é que vais aguentar aquele calor e usar aqueles vestidos mais aquela cena na cabeça".
- Eu não sou árabe, por isso não tenho que usar nada disso. Não se diz vestido, chama-se Túnica e a cena na cabeça chama-se Kafia. Quanto ao calor, deve ser uma questão de hábito.

"Já viste, la no Dubai podes ter 7 mulheres!"
- Já te disse que não vou para o Dubai, vou para o Bahrein. E isso das 7 mulheres é na Arábia Saudita. Tas a confundir tudo!

"Quando la chegares começa mas é a escavar buracos até encontrares uma mina de petróleo e depois chama-me para ir para la".
- Ta certo...

Comentario: Tenho amigos preocupados comigo e que percebem do assunto!